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Brasil tem 34 espécies de primatas ameaçadas de extinção

Nova avaliação do ICMBio indica que país tem mais de um quarto dos primatas sob algum grau de ameaça. Três espécies estão sob risco crítico de desaparecer

Duda Menegassi ·
26 de maio de 2025

País com a maior diversidade de primatas do mundo, o Brasil possui 34 espécies de macacos ameaçadas de extinção. Os dados são resultado da mais recente avaliação do ICMBio, que contemplou 123 espécies, e representam 27,6% do total. Ou seja, a cada quatro espécies avaliadas, pelo menos uma está em alguma categoria de ameaça de extinção. A perda e fragmentação do habitat, competição com espécies invasoras, caça e doenças, como a febre amarela, estão entre as principais pressões aos macacos brasileiros.

Três espécies despontam sob maior risco de desaparecer: o muriqui-do-norte (Brachyteles hypoxanthus), maior primata das Américas e pressionado pela destruição histórica da Mata Atlântica; o kaapori (Cebus kaapori), macaco amazônico ainda pouco estudado e encurralado pelo Arco do Desmatamento, e o sagui-da-serra (Callithrix flaviceps), o “novato” na categoria Criticamente Em Perigo de Extinção. 

Habitante da Mata Atlântica entre Minas Gerais e Espírito Santo, o sagui-da-serra enfrenta não apenas a perda de florestas e o impacto da febre amarela, mas também a chegada de saguis invasores que competem por recursos e, aos poucos, apagam a genética da espécie nativa por meio da hibridização.

A avaliação do ICMBio identificou também 18 espécies como Em Perigo de extinção e 13 como Vulnerável. Na borda do precipício, outras oito espécies foram classificadas como Quase Ameaçadas.

Em dois casos, para uma espécie de uacari (Cacajao ucayalii) e uma de zogue-zogue (Plecturocebus pallescens), não houve dados suficientes para uma avaliação do risco de extinção.

Em comparação com o primeiro ciclo de avaliação (2010-2014), 32 espécies mudaram de categoria. Sendo oito delas para cenários mais graves de ameaça e outras oito com redução do risco de extinção. Em 11 casos, a alteração engloba espécies marcadas como Dados Deficientes na avaliação anterior e que, no novo ciclo, puderam ser reavaliadas com novas informações. Nos demais casos, apesar da variação da categoria, as espécies se mantiveram fora da lista de ameaçadas.

A nova lista oficial do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) com as espécies ameaçadas do Brasil ainda não tem previsão oficial de publicação. Enquanto isso, os dados das avaliações de primatas já podem ser consultados online na plataforma pública Salve, do ICMBio-MMA.

  • Duda Menegassi

    Jornalista ambiental especializada em unidades de conservação, montanhismo e divulgação científica.

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